Blog do Leo Ferretti
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
  Uma resposta aos paradoxos do Capitalismo
Esses tal paradoxos do capitalismo parecem mais o paradoxo de Zenão, no qual o homem competia numa corrida com a tartaruga, nunca podendo alcançá-la pois só poderia ocupar os espaço já desocupado por ela, que devido sua desvantagem tem o benefício de saír na frente do homem. É que o pessimismo do Lehman faz com que o tempo esteja contra ele, Lehman, nessa corrida, mas na verdade está à favor do que é designado como capitalismo.

Dou um exemplo de que nada mudou debaixo do sol, e deve permanecer pelo menos enquanto ainda formos homo-sapiens: os medicamentos mais consumidos no Brasil hoje são Dorflex, Viagra e Cialis: ou seja, tudo que o homem sempre quer na essência permanece o mesmo, ou seja reduzir o desconforto e aumentar seu prazer (ou satisfação), e não há qualquer paradoxo, pois dentre todos os "sistemas" pelos quais a humanidade já passou e provavelmente passará para atendê-los, os problemas continuam esses, pois não são do sistema, são nossos de forma imanente.

Abraço do Leo Ferretti

Nelson Lehmann escreveu:


PARADOXOS DO CAPITALISMO


Para uma realística avaliação do presente, necessário se faz um momentâneo distanciamento do mesmo. Se comparamos o quadro em que vivíamos a três ou quatro décadas atrás, seremos tomados pelo pessimismo. Havia emprego fácil para quem apresentasse um diploma universitário ou um bom treinamento técnico. Havia menos violência e os serviços públicos eram mais confiáveis. Éramos felizes e não sabíamos. O que deu errado então ? Os bodes expiatórios dependem da ideologia adotada : excesso de governo para uns, falta de governo para outros. O que passa desapercebido porém é uma mudança estrutural, em si positiva, mas que implica em efeitos colaterais percebidos como negativos. Vejamos :
Quatro décadas atrás nossa população urbana crescia e se modernizava num ritmo ainda regular, previsível, proporcional ao jogo de demanda e oferta. A grande massa rural ou suburbana contentava-se com seu cotidiano rotineiro, pouco consumo, informações locais, educação básica. O mundo era o bairro, o jornal local, os parentes e amigos. Mas a qualidade de vida começava a melhorar em escala cada vez mais rápida. A saúde, a longevidade, a informação, a parafernália eletrônica domestica e profissional, o turismo, começaram a dar saltos quantitativos já difíceis de acompanhar. O alimento e a comunicação, por exemplo, tornaram-se acessíveis a um numero crescente de cidadãos. É o sucesso do capitalismo. Conseqüência desse vertiginoso passo é a expectativa, senão certeza, de ter direito a muito mais.
Todos querem tudo agora ; a medicina mais atual, o computador de última geração, a dieta mais saudável. E o melhor emprego, claro. Nenhum sistema político-econômico poderá satisfazer tal pressão por resultados e benefícios. As expectativas sempre estarão um passo `a frente dos recursos disponíveis, recém criados. Desencadeou-se uma corrida , como nunca na história, por mais direitos e mais facilidades, que alimentarão os ambiciosos pelo poder. Aqueles que proporcionarão tudo à todos, como prometem.
Hoje o mundo é o planeta, e todos presenciam o que acontece em toda parte. Aparecem então as diferenças de fortuna e poder, que antes eram noticias remotas. O acúmulo de informações antes perturba e confunde que esclarece. O prazer e a diversão não são mais pautados pelo calendário, mas fornecidos diuturnamente. E suas fórmulas se esgotam rapidamente, demandando modalidades cada vez mais radicais.
O paradoxo do sucesso capitalista é que gerou expectativas imediatistas desproporcionais às possibilidades. E assim o culpam pelos atuais males. Querem sua eficiência e suas maravilhas, sem seus efeitos colaterais. O capitalismo tornou-se vítima de seu próprio êxito.
Qual o remédio ? Voltar o relógio para o passado ?
Buscar refugio na religião e na contemplação filosófica ?
Fugir para a natureza . Talvez.
 
Para a minha filha: Beatriz.

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